terça-feira, 13 de abril de 2010

Poemas para todos os momentos...

Acontece

Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

(Últimos Poemas)

Pablo Neruda

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Criminalização dos Mov. Sociais: Mov. Indígena também sofre!

Venho publicando algumas notas em solidariedade aos movimentos sociais que vem sofrendo criminalização e violações dos seus direitos, inclusive o de revoltasse a face autoritária e não democrática e garantidora dos direitos humanos que o estado brasileiro vem reafirmando através de algumas práticas que já deveriam ter sido esquecidas, ou melhor, extirpada de nossas instituições, deixando de transformar em criminoso quem luta por direito, e em cidadão bom quem usurpar e impede direitos aos outros seres humanos!

Leia nota da Associação Brasileira de Antropólogos, através do Prof. João Pacheco de Oliveira:


A prisão arbitrária de cacique Tupinambá e a grave situação no sul da Bahia

As ações da Polícia Federal na Bahia no que diz respeito às populações indígenas vêm causando enorme preocupação entre os antropólogos. Causa-nos indignação observar a escalada de ações arbitrárias que estão sendo levadas a cabo por uma instância administrativa que atua de forma cega e truculenta contra os movimentos sociais.

A prisão de Rosivaldo Ferreira da Silva, o Babau, destacada liderança nacional e cacique da comunidade Tupinambá de Serra do Padeiro, no município de Buerarema-BA, no dia 10 de março de 2010, constituiu caso exemplar de um conjunto de medidas - inadequado e com impactos propositadamente unilaterais - que são implementadas, sob a aparência falsamente legalista, por autoridades locais e agentes policiais naquela região.

As circunstâncias de sua prisão, por ele relatadas, evidenciam uma ação violenta e o desejo de intimidação. A casa na qual reside Babau, sua esposa e seu filho de três anos, foi invadida na madrugada do dia 10 de março por agentes policiais que sequer teriam se identificado ou exibido um mandato de prisão. Julgando tratar-se de pistoleiros que pretendiam matá-lo ou seqüestrá-lo, o cacique procurou reagir, havendo luta corporal.

Em decorrência da abordagem incorreta e com finalidades exclusivamente intimidatórias praticada pelos policiais, o mobiliário da casa foi destruído e Babau teve ferimentos por todo corpo. Ainda em Salvador isto era evidente através de um hematoma no olho direito, que o impossibilitava de abrir o olho, e fortes dores próximas ao rim, que o impediam de sentar-se. Outro dado desta ação da Polícia Federal merece destaque: a viatura na qual o cacique foi levado preso partiu da aldeia às 02h30min da manhã e chegou apenas às 6:30 da manhã em Ilhéus, trajeto que demora no máximo uma hora. Nada foi esclarecido até agora pelas autoridades policiais.

O cacique Tupinambá foi indiciado em seis inquéritos: ameaça, tentativa de homicídio, lesão corporal, formação de quadrilha, incêndio criminoso e outros. Apesar de a maioria das acusações não possuir indícios concretos, Babau continua detido na sede da Polícia Federal em Salvador, sendo-lhe somente permitidas as visitas de familiares. Seu irmão também está preso e existem outros mandatos de prisão contra lideranças da comunidade Serra do Padeiro, com a claríssima intenção de, pelo medo, vir a desmoralizar e extinguir o movimento dos indígenas Tupinambás.

A tentativa de caracterização do cacique Babau como um indivíduo violento e perigoso, com uma conduta patológica e anti-social, tem sido uma constante e um pressuposto da ação da PF na região. Isto não resiste porém a um exame mais aprofundado e a uma mirada sociológica, realizada por estudos recentes desenvolvidos por antropólogos da UFBA e do Museu Nacional/UFRJ.

O cacique é o principal articulador das mobilizações indígenas da comunidade de Serra do Padeiro, possuindo inconteste legitimidade nesta comunidade (em boa parte constituída por seus familiares diretos). As estratégias utilizadas, pelos Tupinambás e diversos grupos étnicos no Brasil, questionam diretamente a morosidade no processo de demarcação de terras indígenas anteriormente apropriadas para fins privados. No intuito de acelerar o processo, os indígenas Tupinambás vêm ocupando antigas fazendas de cacau, a maioria destas em quase total abandono e, em todos os casos, com baixíssima ou nenhuma produção agrícola e/ou pastoril, localizadas dentro das delimitações cartográficas do mapa anexo ao laudo antropológico Tupinambá, elaborado e publicado pela FUNAI em abril de 2009.

A partir de 2008, a Polícia Federal, a propósito das reintegrações de posse expedidas pela Justiça, iniciou uma feroz perseguição ao cacique Babau. Nesta escalada de violências, da qual a ABA já informara ao MJ em outubro de 2008, se expressa com nitidez a estigmatização e o ódio de que são vítimas os indígenas e seus representantes pelas elites locais - os únicos beneficiários das ações repressivas e intimidatórias realizadas pela PF no estado da Bahia.

Ao invés de perigoso facínora, imagem atribuída a Babau por aqueles que são refratários aos avanços da demarcação de territórios étnicos, trata-se de uma das mais expressivas lideranças do movimento indígena brasileiro, uma personalidade bastante conhecida dos antropólogos pela lucidez e coerência com que argumenta e defende a valorização do patrimônio das culturas indígenas.

Causa espanto e revolta as diversas manifestações preconceituosas que questionam a identidade étnica dos Tupinambás, ancoradas em uma velha e ultrapassada herança colonial, em colisão direta com a Constituição Federal (1988) e a Convenção 169 (acolhida no Brasil em 2003). Ao buscar justificar por tais argumentos as ações punitivas contra o movimento indígena Tupinambá, a PF termina por respaldar um conjunto de imagens deturpadas, construídas pelo senso comum sobre os indígenas do Nordeste, e apenas contribui para interpor obstáculos absurdos à desejada viabilização dos direitos indígenas naquela região.

A Associação Brasileira de Antropologia vem assim - mais uma vez! - alertar a opinião pública e as autoridades competentes para a arbitrariedade e inadequação com que a PF no sul da Bahia vem executando suas ações contra os Tupinambás. A criminalização e encarceramento de lideranças indígenas, a campanha de intimidação das comunidades e o cumprimento violento de eventuais mandatos de reintegração de posse não conduzirão de maneira alguma à pacificação da região e ao reconhecimento de direitos constitucionais! O agravamento do conflito nestes últimos anos não admite mais soluções meramente burocráticas e rotineiras, executadas setorialmente por órgãos de governo. É necessária uma ação coordenada de diversos organismos governamentais, articulando a atuação do INCRA, do governo do Estado e da FUNAI, cabendo a PF unicamente respaldar a implementação das medidas por eles propostas.

João Pacheco de Oliveira
Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas
Associação Brasileira de
Antropologia/ABA 03-04-2010.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Manifesto da rede de comunicadores em apoio à Reforma Agrária

Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.

Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.

Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.

Trata-se de grave distorção.

Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.

No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...

A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.

Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.

A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.

Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.

Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.

Venha refletir com a gente:
- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?

É o convite que fazemos a você.

Solidariedade!

Olá pessoas, venho panfletar Manifesto de Solidariedade ao Povo Cubano:

"Créeme. Un grupo de intelectuales escribió un mensaje paternalista a los artistas cubanos. Ellos pretenden enseñarles las terribles condiciones políticas en que viven y como salir de ellas.
Créeme. Ellos creen que el pueblo cubano no tiene una Constitución Política que fue redactada en un proceso de discusión democrática en el cual participó todo el pueblo cubano. Quieren que ellos prefieran las Constituciones que congresos restringidos les impusieron en sus países, pues creen que les pueden dar lecciones de democracia al pueblo cubano.
Ellos creen también que los cubanos viven sin leyes y son gobernados por 2 o 3 personas a las cuales se someten como ovejas. Otra vez se ilusionan por lo que pasa en sus países donde sí los pueblos se someten a una minoría oligárquica que les impone las más terribles condiciones de vida sin que las grandes mayorías logren apearlos del poder.
Ellos creen aún que los intelectuales cubanos, sus artistas, sus pensadores están sometidos a poderes extraordinarios del Estado, gobernado autoritariamente desde arriba. Por esto se atreven a explicarles lo que deben hacer para dejar de someterse a esta dictadura feroz que los oprime.
A quienes se dirigen realmente? Con quienes quieren armar este “diálogo” entre los sabios “libres” y los intelectuales “oprimidos” e ignorantes?..."

Para ler todo e assinar: http://www.cdhrio.com.br/cdh/News_complete.aspx?id=620

sábado, 3 de abril de 2010

Resumo

Àqueles que sentem preguiça de ler o texto abaixo, vai este resumo, que você pode encontrar no youtube, desenhado por um pintor de melhor gabarito, Gonzaguinha, e recortado por algum sujeito de inteligência semelhante:

http://www.youtube.com/watch?v=dkdoXRAaL3A&NR=1

Quando se tem de escrever...

Sempre me perguntei se eu tinha de escrever sobre algo, ou mesmo, quando achava que sobre algo eu teria de escrever, se teria capacidade de passar uma mensagem lúcida, transparente e, ainda assim, interessante, logo desistia de escrever. Foi por isto que passei um bom tempo sem nada postar aqui, principalmente, que fosse escrito por mim.

Hoje virei a noite, lendo noticiário e outras coisas desnecessárias, nada que falasse algo de mais profundo, apesar de algumas superficialidades serem por demais importantes para distrair nossos dias, ou dá quaisquer cimento em sentimento tolo o fazendo importante.

As mentiras devem se tornar interessantes por conta disto: ela une o desejoso ao desejado de modo quase indistinguível, um só, uma verdade [ainda que a existência já uma boa verdade, ou somente uma verdade, pois a palavra assim a torna]. Somos mimados para conviver com o que nos agrada somente, e o pior, só nos agrada aquilo que dominamos, logo o que não estava no roteiro é motivo para ser execrado de nossas vidas. Até o verdadeiro amor em vez de se tornar pulsão outra de carinho qualquer é transformado em ódio pelo simples fato de não ser dominado na forma esperada. São tolos os meus iguais. Eu tenho amado. Assim, embora acredite que de outro modo, pareço espelho dos meus iguais. Não quero ser obrigado a jogar cartas.

São esquinas e cabarés, encontros e desencontros, são sentimentos opacos e sem sentido. Eles, eu procuro não os alimentar. Eles são autofágicos. E não sei como não se consomem por si, e por inteiro, de modo antropofágico, e único, e final, e não mais tornar a existir. Mas eles insistem, e se consumindo eles vivem mais, e eu, eu me torno um autômato deles [Ainda assim escrevi por dicionário, e não por sentimento - já que com este, apesar do excesso, tem faltado, não só a mim, palavras, mesmo que na língua portuguesa].

Eles tomam de conta, então, a partir daí, o que me resta é recriá-los para outra coisa, pois dificilmente eles conseguirão conviver com o desejo primeiro - se não for nenhum círculo vicioso -, o ideal se escapa, se escorrega.

A diplomacia, a negociação: aparece quase tudo, até algo próximo da similaridade. Mas nunca o desejado embalado a vácuo. Temperatura e pressão ideal, também não há. Entropia.

Deveria ser hora de está dormindo, mas os planos para a manhã serão desmarcados, ou diferente disto deveria eu ter acreditado logo que nunca estiveram contratualizado, mas a ilusão faz parte destes dias, e a convivência com ela é indispensável, pois a ilusão está a contar horas e a se juntar com o ponteiro, para a cada momento importante do dia se fazer presente; seja no sonho, no pôr-do-sol, na sesta - quando se diz ser a melhor hora dos pesadelos aparecerem -, no café de fim de tarde, na cerveja de início de noite, no último escovar dos dentes no dia, no amanhecer da manhã, no preencher dos raios de sol ao mar, ou ainda das estrelas à noite. Nem a depressão pós-refeição escapa a contagem certa do complô entre o relógio, com seu ponteiro, e a ilusão. São pontuais, estão sempre na hora certa e marcada, além das inoportunas e desnecessária, quando em nada contribuem e só atrapalham.

Nem culpo, nem cheguei a querer julgar a ilusão. Esta não tem culpa. Ela vive comigo. Ela sou eu. Os culpados são os outros. Sempre. É inadimissível continuar assim. É muito melhor aqueles forrós que nos enganam e nos enchem de auto-estima, mas que dizem quem realmente deveria ser o gostosão daqui, mesmo quando não se é, mas ao menos ficamos com a sensação de que dominamos aquele espaço e raio de visão entre o relógio e a consciência, ou esta zona turbulenta, em que qualquer piloto guia, menos eu.

O fato é que irei reclamar ao procon, pois chegaram uns sujeitinhos e colocaram na minha cabeça que os espaços de formação para a convivência social, ou ainda para a civilidade, seria a escola, a família... e ainda que eu num tenha frequentado muito atento estas zonas, lá eu estive e nada vi parecido; e nas torres onde eu tava, onde todo rio de volúpia passava e esbarrava sorrindo para mim, e me deixando interessado e atento as suas explicações e justificativas da vida, também num me ensinaram muito a conviver com estas coisas, não. Assim, tudo que tenho tido vontade mesmo, de modo mais racional - eu acho, logo existo! -, é ficar em casa trancado em vida alheia - pela imaginação ou pelas ferramentas que atiçam o demônio- para não cometer nenhum assassinato de qualquer coisa aqui dentro meio estranho ou que venha de fora atentar: seja ao amor que sinto [em formato] ou ao que deveria ser [em relação].

O que me resta, freud sugere: direcione!

Mããããeeeeeeeeee me tira daqui!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Morte do Leiteiro, de Carlos Drummond de Andrade

http://www.youtube.com/watch?v=nniZ1WeYfto&feature=player_embedded

Catando postagem...

Cheguei agora pouco e parei para ler umas postagens que mais cedo tinha selecionado, e escolhi uma que não poderia deixar de socializar com vocês, traz elementos indispensáveis, e sem os quais torna difícil nossa ação direta, objetiva e eficiente. Vem do blog http://www.tijolaco.com/

confiram:

"A morte é pobre, é jovem, é negra, é dor

terça-feira, 30 março, 2010 às 16:43

Tomei agora conhecimento dos números do “Mapa da Violência”, uma análise das mortes por homicídio no Brasil de 1997 a 2007.

A notícia boa é de que a redução da pobreza, se não resolve, ajuda a mitigar esse drama. De 1997 a 2003, a taxa de homicídios no país cresceu na faixa de 5% ao ano, atingindo o pico de 28,9 assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2003 – com 51.054 mortos. Depois disso, o índice caiu em 2004 (27) e 2005 (25,8), voltou a subir em 2006 (26,3) e alcançou seu menor patamar em 2007, com 25,2.

A ruim é que a morte, além de pobre, continua sendo negra e jovem. O número de pessoas brancas vítimas de homicídio caiu de 18.852 para 14.308, uma queda de 20,1%. Mas o de negros aumentou de 26.915 para 30.193, um crescimento de 12,2%. Há oito anos, morriam 46% mais negros que brancos, em 2007 essa diferença foi para 108%. Em 1980, a cada 100 mil jovens, entre 15 e 24 anos, 30 deles morriam por homicídio em 1980, o número aumentou para 50,1 em 2007.

Pobreza, juventude, cor. Posto o poema “A Morte do Leiteiro”, lida pelo próprio Carlos Drummond de Andrade, que faz pensar sobre nossa rotina, antiga e dolorosa, de violência."

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hoje tem poema!!!

Passei um bom tempo sem nada de interessante trazer para este espaço, mas por aí encontrei este belo e excitante poema de Nei Leandro de Castro, que me fez desejoso de compartilhar com vocês:

AMOR AMORA
[ in Era uma vez Eros, 1993 ]

Me lembro que trazias na boca
o gosto e a cor de uma fruta selvagem:
amor? amora?
Me lembro de tua calcinha
suavemente encharcada
que deixava teu leite
nos meus dedos.
Me lembro do teu beijo
com o exato gosto da amora
e me lembro que eu dizia aos teus ouvidos
todas as palavras que os deuses
permitem a um amante dizer a outro amante
na manchada planície de uma cama.
Me lembro que te lambia,
te mordia, te feria. E não cedias.

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Lembranças não podem ser ditas referências ao passado, senão ao presente recordante!