quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Frase do Dia!

"Por que o remédio tem de ser a tolerância em vez de a emancipação, a luta política, ou ainda a luta política armada?"

retirada de uma entrevista do Slavoj Zizek, que li no saboroso blog Heterotopias, do amigo, e companheiro de curso de graduação em Ciências Sociais da UFRN, dita publicada por Magis, Revista da Unisinos, no. 05, dez 2009-jan 2010.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

2010 por Zé do Galo, de Frei Beto

Retirado do Portal Adital,texto de Frei Beto sobre a conjuntura para as nossas eleições em 2010, com uma xícara de café-com-leite, só faltou o pão de queijo para um bom mineiro!

Boa leitura:


Zé do galo, analista político
Frei Betto *

Adital -

O Brasil está coalhado de analistas que fazem fantásticos prognósticos em anos de eleições. Cada um que se fie naquele de sua preferência. Eu, cá comigo, mineiro que sou, fico com meu compadre Zé do Galo, carroceiro do colo da Mantiqueira. Nunca entro em período eleitoral sem consultá-lo.
Semana passada dividimos um feijão tropeiro no rancho em que ele vive pros lados de Aiuruoca. "E aí, compadre, como vai ser este ano eleitoral?", indaguei.

Zé do Galo coçou a barbicha rala que escorrega por seu rosto magro, largou a colher (ele nunca usa garfo, diz que espeta a língua), e soltou voz amansada:

"Tá difícil imaginar, compadre. A coisa tá mais enrolada que linguiça de venda." "Então desenrola, Zé". "Como diria Jack, o Estripador, (Zé adora quadrinhos de terror) vamos por partes: dona Dilma vai ter quem de vice? Michel Temer, apoiado por Sarney; Henrique Meirelles, que pulou do PSDB para o PMDB de olho no futuro; Hélio Costa, que trocaria a disputa ao governo de Minas por chapa puro-sangue, mineira com mineiro?"


"E o Serra?", perguntei. "Ainda num sei se será candidato a presidente ou à reeleição em São Paulo? Se a presidente, Aécio aceita ser vice na chapa café com leite? Ou, para enfrentar dona Dilma, tentará convencer dona Marina a apear do cavalo da candidatura presidencial para repetir, Brasil afora, a proposta carioca de Gabeira, do PV, apoiado no Rio pelo PSDB, pra disputar a governança?"

"Tá tudo muito confundido", suspirou meu compadre. "Dona Marina vai ter empresário de vice pra angariar votos de quem guarda dinheiro em banco ou vai de liderança popular?"

"E Ciro Gomes, Zé?" "É o que me pergunto. Vai de vice da dona Dilma, deixando o PMDB como palito em boca de desdentado, aceita ser candidato ao governo paulista com apoio do PT, ou se apresenta mais uma vez como presidenciável pra se cacifar no próximo governo?"

"Zé, como vê a situação de São Paulo?" "Ali, que é berço do PT, a coisa tá mais feia que indigestão de torresmo. Quem do partido de Lula será candidato a governador? Todos os caciques se queimaram na fogueira de mensalão e mensalinhos: Zé Dirceu, Genoíno, Palocci. Sobrou o Suplicy, mas este a direção do PT não aprova, é mais independente que dente de siso em boca de banguela."

Zé do Galo passou os dedos no cabelo ralo e enrugou a testa: "Será que dona Marta disputa de novo com o doutor Alkmin, após ter perdido nas últimas eleições municipais? Mercadante abre mão de concorrer ao Senado pra tentar o governo do estado? Ou o PT virá com o desconhecido prefeito de Osasco?"

"E aqui em Minas, compadre, o que vai dar?" "Em Minas a coisa tá mais fedorenta que arroto de urubu. Lula tem três candidatos: Hélio Costa, Patrus Ananias e Fernando Pimentel. Pressinto que o Planalto gostaria, pra favorecer a aliança nacional, que houvesse só a chapa PMDB-PT ou vice-versa. Difícil. Só o PT tem dois candidatos: Patrus e Pimentel. Vai ser briga feia na prévia de escolha. Até porque os dois sabem que as duas vagas mineiras ao Senado estão praticamente eleitas: José Alencar e Aécio Neves (se não aceitar ser vice do Serra)."

"Lula será o grande cabo eleitoral no pleito presidencial. Mas vai ter que vestir saia justa em certos palanques: no Rio, sobe no de Sérgio Cabral ou no de Lindberg Farias, caso este se candidate a governador pelo PT? E se Lindberg aceitar dar apoio a Cabral em troca do Senado, como fica a Benedita da Silva, que insiste ser a candidata do PT à casa presidida por Sarney? E na Bahia, Lula sobe no palanque da reeleição de Jaques Wagner ou no de Geddel Vieira Lima, seu ministro?"

"O triste - observou Zé do Galo - é que as alianças partidárias já não são feitas em cima de programas, propostas, objetivos. Vale o olho no tempo de propaganda eleitoral gratuita na tevê. Quanto maior o partido, maior o tempo. Como o PMDB é um dinossauro, agarrado no costume de "hay gobierno, soy a favor", quase todos o namoram na esperança de ver ampliada a visibilidade na telinha."

O compadre considera que a eleição presidencial só não terá caráter plebiscitário - de quem aplaude ou vaia os oito anos de governo Lula - porque Marina Silva entrou no páreo e, assim, os presidenciáveis deverão discutir o futuro sustentável do desenvolvimento brasileiro.

"E digo mais, compadre" - falou - "me fio que, desta vez, não vai ter arranca-rabo nem dedo na cara nos debates: todos farão promessa de dar prosseguimento às políticas sociais de Lula, ninguém ameaçará os militares de abrir os podres da ditadura, todos se apresentarão como intransigentes defensores do meio ambiente desde criancinha, e ninguém ousará criticar a atual política econômica, mesmo cientes de que os juros haverão de subir este ano, ainda que isso faça abaixar a cotação eleitoral da candidata do governo."

Zé do Galo encerrou o papo: "Visto de hoje, compadre, a coisa tá mais sofrida que joelho de freira na Semana Santa. Mas logo logo desenrosca, pra agrado de uns e choro de outros. Importante é melhorar o Brasil dos pobres e não trazer os corruptos de volta."

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Feliz 2010 da Deputada Federal Fátima Bezerra!

O ano de 2009 foi marcado por avanços, dificuldades e recuos. Tivemos êxito nos campos da economia, educação, cultura, saúde, direitos da mulher, entre outros. Infelizmente, no campo da ética o Congresso continua mudo, surdo e de costas para a sociedade: a reforma política não anda.

Em relação à crise financeira internacional, o balanço é positivo. O presidente Lula foi ousado e, competentemente, tomou as medidas adequadas ao enfrentamento da crise. Quebrou o mito dos liberais e neoliberais de que o mercado era um Deus e resolvia tudo. O estado passa a exercer o seu papel de planejador, regulador e indutor do desenvolvimento.

Com capacidade de diálogo e postura altiva, o país passou a ser considerado e respeitado pelas outras nações. A política externa do Brasil vem sendo bem sucedida e aprovada no plano internacional.

A descoberta de petróleo no Pré-sal trouxe possibilidades inéditas de desenvolvimento. O país segue a rota em busca da inclusão, da igualdade e da justiça social. As jazidas vão gerar desenvolvimento econômico e redução da pobreza e das disparidades sociais e regionais. A riqueza do Pré-sal vai garantir educação de qualidade, investimento científico e tecnológico, sustentabilidade ambiental e combate à pobreza.

No campo da educação ressaltamos as lutas pela implantação do Fundeb, cumprimento do Piso Salarial, desvinculação da DRU, expansão e fortalecimento do ensino superior. Destaco aqui a oportunidade de ter exercido um papel decisivo para que o nosso RN fosse um dos melhores contemplados no plano nacional de expansão da educação profissional e tecnológica. Em apenas oito anos saltamos de 2 para 12 escolas técnicas federais, que estão espalhando ciência, cidadania e esperança pelo interior do Estado. Falo isso com a alegria e a emoção igual a dos alunos e alunas que estão tendo acesso aos novos Cefets.

A aprovação final do Plano Nacional de Cultura do qual sou relatora, possibilitará a definição de diretrizes culturais para os próximos 10 anos. Acrescente-se também o vale-cultura, a PEC do financiamento do sistema nacional de cultura, mudanças na Lei Ruanet, entre outros, que colocarão a cultura em outro patamar. A cultura tratada não como negócio, mas como política pública, política de Estado.

No campo do trabalho o ano termina com boa notícia: a recuperação do crescimento econômico traduzida na queda da taxa de desemprego que recua pelo quarto mês seguido, segundo dados do Dieese. A expectativa de crescimento, segundo os analistas, ultrapassam a casa dos 5%.

E as perspectivas para 2010? O próximo ano será decisivo para o país. O debate terá caráter plebiscitário: o povo optará entre avançar com o projeto popular bem sucedido, liderado pelo presidente Lula, ou retroceder ao projeto neoliberal e excludente da oposição.

A sucessão do Presidente Lula assumirá a centralidade da estratégia política. Haverá também eleições para o senado e para os legislativos federais e estaduais. A eleição de Dilma Roussef é o caminho para continuar a escalada de avanços, na educação, na inclusão social e na cidadania dos milhares de brasileiros que ainda vivem em condições adversas.

As mudanças pavimentarão o caminho para a construção de um país com justiça e igualdade social. Esperamos que os brasileiros assumam a defesa da participação cidadã com controle social, desenvolvimento sustentável, geração de trabalho e renda, promoção de igualdade, políticas sociais, garantia de direitos e gestão ética, democrática e eficiente.

Feliz 2010 para todos! Mais crescimento, mais educação, mais cultura, mais saúde, mais emprego, mais cidadania, mais tudo o que for melhor para o país e para a população brasileira.

Fátima Bezerra
Deputada Federal PT-RN



Artigo publicado no jornal Tribuna do Norte, dia 1º de janeiro de 2010