sábado, 5 de junho de 2010

Solidariedade ao Povo Palestino através de Carta Amiga!

Amigos,

Ontem foi um dia de grande tristeza aqui na Palestina. Comos vocês já devem estar sabendo, Israel atacou os navios que levavam dez mil toneladas de ajuda humanitaria pra Faixa de Gaza, que sofre de bloqueio total há mais de três anos. Ando acompanhando as informações que saem no Brasil pela internet e acredito que tem muita coisa chegando até vocês, mas queria fazer o relato de quem está vendo isso tudo “do lado de cá”.
Pra justificar esse ataque bárbaro, que só pode ser classificado de terrorista, Israel está usando as desculpas de sempre. Segundo a declaração oficial que circula nas embaixadas de Israel do mundo inteiro, os soldados foram “atacados” pelos passageiros dos navios e abriu fogo “em legítima defesa”. Qualquer pessoa com um mínimo de inteligencia vê o absurdo dessa afirmação. O exército israelense ATACOU com barcos, helicópteros e soldados armados um grupo de pessoas desarmadas, em águas internacionais, matando pelo menos dez e ferindo dezenas de pessoas. Me digam como é possível o governo israelense dizer que:
1- Israel tem o direito de proteger seu território de invasões estrangeiras (Mas o barco não estava em águas internacionais?)
2- os soldados israelenses têm o direito de se defender (Desde quando atacar um grupo pacifista não armado pode ser chamado de legítima defesa?)
Como se essas mentiras não fossem suficiente, Israel ainda acrescentou que os ativistas “não eram pacifistas, estavam armados e, o pior de tudo, eram terroristas ligados ao Hamas e talvez até a Al-Qaeda”. E, pra finalizar, que “não existe crise humanitária em Gaza” e que os navios não estavam levando ajuda humanitária e sim “fornecendo material ao Hamas”.

Depois desse festival de mentiras, vamos à algumas verdades:

-os 750 ativistas tinham entre 1 et 85 anos, incluindo uma ganhadora do prêmio nobel e um sobrevivente do holocausto e nenhum estava armado;
-as dez mil toneladas de ajuda humanitária incluía comida, remédios, dezenas de cadeiras de rodas e cimento ( que faz parte da lista de material proibido de entrar em Gaza);
-segundo o relato da brasileira que estava em um dos navios, os soldados já chegaram atirando e mirando a cabeça dos ativistas;
-Israel confiscou todas as camêras e telefones celulares dos ativistas pra impedir que qualquer imagem do ataque seja mostrada ao mundo (por enquanto só as imagens filmadas, e manipuladas, pelo exército israelense chegaram à mídia);
- foi totalmente proíbida a entrada de qualquer jornalista no porto de Ashdod, pra onde os barcos foram levados. Só Israel tem o direito de mandar (e manipular) as informações que chegam na mídia do mundo todo;
-os ativitistas, depois de terem sofrido esse ataque brutal e ter visto seus amigos serem mortos e feridos, foram levados imediatamente pra prisão de Beersheva, uma das piores do país. Os consulados do seus respectivos paises foram proibidos de entrar em contato com eles até hoje de manhã. Antes de deportá-los, Israel está tentando forçá-los a assinar declarações dizendo que eles entraram ilegalmente no país. Assim, os ativistas deixam de ser as vítimas e passam a ser criminosos;
-duas figuram emblemáticas da resitência não-violenta palestina se encontravam dentro de um dos navios: Sheikh Salah, um líder religioso, e Hwwaida, a fundadora do ISM (Movimento de Solidariedade Internacional). A história que corre por aqui é que o exército israelense atacou o navio com a clara intenção de eliminá-los. Até agora não se sabe ao certo o que aconteceu com os dois, já que a lista de mortos ainda não foi divulgada. Segundo algumas fontes Sheikh Salar foi baleado na cabeça e se encontra em um hospital israelense mas a informação ainda não foi confirmada.
Aqui todos esperavam ansiosamente a chegada dos navios e as notícias do ataque deixou a população em estado de choque. Foi decretado três dias de luto e a Palestina está parada. Ontem Israel fechou o check-point de Qalandia, o maior da Cijordânia, pra impedir que “terroristas palestinos entrem em Jerusalém”. Houve manifestações pacíficas em várias cidades daqui e todas foram violentamente reprimidas pelo exército israelense. Aqui em Belém a passeata que saiu da Igreja da Natividade em direção ao check-point foi interrompida no meio. Os soldados israelenses anunciaram que atirariam em qualquer pessoa que se aproximasse do check-point. Em Qalandia os manifestantes foram recebidos com granadas de gás lacrimogênio. Uma ativista americana foi ferida com uma das granadas. Segundo testemunhas, os soldados viram que ela era estrangeira mas mesmo assim não só atiraram em sua direção como miraram sua cabeça. A moça de 21 anos perdeu o olho esquerdo e os ossos do olho, face e maxilar foram esmagados. Depois de ter passado por duas cirurgias pra reconstruir seu rosto, sua situação ainda é grave.
Como é que o mundo ainda pode considerar Israel como um país democrático? Ele impede os jornalistas de contar a verdadeira versão dos acontecimentos, coloca inocentes na prisão, viola todas as leis internacionais, fere e mata impunemente, reprime passeatas com bala e granadas e o mundo ainda acha que “Israel tem o direito de se proteger”? E quem vai nos proteger de Israel?
Eu queria pedir um favor a vocês. Não deixem o cinismo de Israel triunfar. Nós vamos deixar esses criminosos continuarem mandando e desmandando no mundo, assasssinando palestinos e estrangeiros calados? No mundo inteiro pessoas estão fazendo passeatas pra denunciar os crimes cometidos por Israel e mostrar solidariedade ao povo palestino. Vamos nos juntar à elas! Enquanto os presidentes dos países ocidentais se contentam de dizer que estão “chocados com o ataque aos barcos”, Israel voltou a bombardear Gaza e já matou três pessoas. Só pra provar mais uma vez ao mundo que quem faz a lei são eles e que nada nem niguém pode atingí-los. Está na hora de nós reagirmos!

Sandra C.

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